sábado, 9 de julho de 2011


Queridos leitores,

Há alguns dias, presenciei uma cena em minha família que me deixou bastante curiosa.Minha tia, ao se deparar com as queixas de dor na garganta da filha de nove anos, foi logo buscar no armário de remédios uma solução alcoólica de um remédio homeopático para dar à criança.
Imediatamente, perguntei à minha tia que sintomas o medicamento tratava.Ela então respondeu que costumava curar qualquer doença que a filha tinha, não sintomas específicos, por isso era o primeiro recurso ao qual recorria.Ao ouvir a resposta,
me veio uma grande dúvida: Será que a homeopatia, assim como os demais medicamentos, causa algum mal quando usada para tratar sintomas diferentes daqueles que causa?
Por meio de pesquisa, encontrei um artigo muito interessante, que respondia minha pergunta e ainda falava sobre o tratamento profilático por meio da homeopatia.Resolvi, então, falar um pouco dele aqui no blog.

Para aqueles que não acompanham o blog, foi explicado anteriormente o princípio homeopático da cura, chamado princípio da similitude.Segundo este, um conjunto de sintomas deve ser curado pela utilização de soluções de substâncias que os causem quando ingeridas em doses não diluídas.

Para que haja a prescrição do medicamento correto, diversos fatores são levados em consideração, não apenas os sintomas.Dentre eles posso citar os psíquicos e emocionais, que, além de trazerem uma grande individualização dos remédios homeopáticos, ainda remetem à cura pelo bem-estar geral do corpo.Isso ocorre, pois o tratamento homeopático considera a doença como um desequilíbrio geral nas funções orgânicas, devendo ser tratada pela manutenção da saúde total do corpo.Hahnemann falou sobre isso em seu livro, "Organon da arte de curar":

“Somente a força vital morbidamente afetada produz as doenças, de modo
que ela se exprime no fenômeno mórbido perceptível aos nossos sentidos,
simultaneamente a toda alteração interna, isto é, a toda distonia mórbida
da Dynamis interna, revelando toda a doença. Por outro lado, contudo, o
desaparecimento de todo fenômeno mórbido, isto é, de toda alteração
considerável que se afasta do processo vital saudável, por meio da cura,
certamente também implica e pressupõe, necessariamente, o
restabelecimento da integridade do princípio vital e, conseqüentemente, o
retorno da saúde a todo o organismo”. (Hahnemann, Organon da arte de curar, §12)


Seguindo este princípio, pode-se concluir que a homeopatia é uma grande aliada no tratamento profilático, promovendo um estado de bem -estar geral do organismo, evitando desequilíbrios que possam causar doenças.

Agora, retornando ao tema da individualização da homeopatia, encontrei a resposta da pergunta que me fez escrever esse post.A individualização da homeopatia, citada acima, permite também que ela seja utilizada para curar doenças epidêmicas, pela grande semelhança entre os sintomas.

Hahnemann descreve casos em que uma febre acometeu crianças no ano de 1797, tendo como sintomas calafrios ; rosto coberto com suor frio; debilidade da memória; respiração excessivamente curta e espasmódica.Tal epidemia foi tratada com grande sucesso por Ignatia amara.Meses depois, surgiu uma nova febre, que possuía sintomas característicos diferenciados.Quando tratada pela mesma Ignatia amara da doença anterior, a enfermidade era agravada, mostrando que outro remédio deveria ser empregado.Passaram, então, a utilizar Opium, conseguindo sucesso no tratamento.

Por meio dessas observações, é possível perceber que os medicamentos homeopáticos, muitas vezes não levados realmente à sério pelas pessoas, que pensam que são apenas álcool e bolinhas açucaradas, não podem ser tomados de maneira aleatória, nem se curaram alguma outra doença anteriormente.A homeopatia não é uma "aguinha milagrosa" genérica que quando ingerida tem a capacidade de curar qualquer doença.Ela tem especifidades importantes, que se não forem levadas em conta no momento de sua prescrição pode não causar benefícios e chegar a causar males, como no caso da segunda epidemia relatada.Por isso, não pensem de acordo com o senso comum "Se não curar, mal não fará", pois, no caso da homeopatia, ele nem sempre funciona...

Bibliografia:

http://www.aph.org.br/revista/index.php/aph/article/view/36/68


Posted by Jessica Ramos.

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