sábado, 25 de junho de 2011

Abordagem homeopática para tratar infecções- Parte I

Em posts anteriores, foi exposta a interessante história da homeopatia, que está em íntima relação com a maneira pela qual a ciência era percebida no século XIX- um período em que a modernidade capitalista e industrial se consolidava no mundo ocidental, às vezes de maneira traumática e difícil para muitas pessoas. Trata-se de uma época em que a própria medicina baseada em evidências comprováveis dava seus primeiros passos em direção ao relativo “avanço” que temos hoje, e muitas vezes os tratamentos convencionais científicos utilizados eram tão agressivos aos pacientes que matavam mais do que curavam. Para se ter uma idéia, foi somente em meados do século que o éter e clorofórmio inalados passaram a ser utilizados como anestesia em cirurgias, mas mesmo assim muitos pacientes morriam intoxicados ou em decorrência de infecções hospitalares, cuja causa era desconhecida pelos médicos. Foi nesse contexto que surgiu a homeopatia, primeiramente com os trabalhos de Hahnemann, na Europa Continental, e depois rapidamente se popularizando e chegando à América do Norte. Podemos atribuir esta grande popularidade galgada pela homeopatia no século XIX à “selvageria” da medicina convencional, tendo em vista que dificilmente um paciente sofria efeitos colaterais com o tratamento homeopático, e mesmo que ele não surtisse efeito aparente, pelo menos não matava o doente. Além disso, o raciocínio holístico era o que muitas vezes faltava, proporcionando um importante passo para a cura.

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No século XIX, a homeopatia era percebida como um tratamento mais desejável que os leitos de contenção sanitária convencionais.

O jornal parisiense alerta a população para o perigo iminente da “foice” colérica.

Na verdade, especula-se que a homeopatia tenha conduzido ao abandono de práticas medicinais obsoletas no século XIX, como a ainda utilizada técnica de sangrias. É provável que a práxis homeopática levou cientistas e médicos a uma nova linha de pesquisa e busca de remédios e técnicas não invasivas, menos agressivas e mais eficientes no tratamento. Se juntarmos a isso as grandes descobertas feitas no campo da microbiologia e sanitarismo, percebemos o fenômeno que levou ao grande progresso da medicina na Idade Contemporânea. Estudos de história da medicina mostram que a homeopatia atingia os maiores índices de popularidade durante as freqüentes epidemias de cólera, escarlatina, febre amarela e tifóide enfrentadas pela população da Europa e Estadas Unidos na época. As grandes epidemias de cólera passaram a se tornar freqüentes na Europa em 1817, quando se especula que a doença tenha se espalhado por rotas comerciais da Índia até a Rússia. Somente no país czarista, de 1847 até 1851, mais de um milhão de pessoas pereceram em função da agressiva desidratação provocada pela moléstia.

Hampton House, antigo hospital homeopático em Bristol, Inglaterra

As evidências historiográficas mostram que as taxas de morte por cólera em hospitais homeopáticos eram menores em até um oitavo daquelas de hospitais convencionais. Como resultado do sucesso, havia no início do século XX mais de 100 hospitais homeopáticos e 22 escolas especializadas no tema. É claro que se pode atribuir esta maior eficiência da homeopatia no tratamento de doenças infecciosas à menor lotação de tais estabelecimentos em períodos de epidemias (é de se imaginar que o tratamento homeopático era mais caro que o oferecido em hospitais epidêmicos convencionais), o cuidado mais focado e intensivo com o paciente e a ausência de práticas agressivas e com efeitos colaterais (mais uma vez, o tratamento podia ser ineficiente, mas pelo menos não agredia o doente). No entanto, o fato é que a homeopatia abriu precedentes para novas possibilidades de tratamento, o que foi de suma importância para o raciocínio médico do período. Além disso, agiu como um mecanismo de incutir na medicina uma preocupação humanista, o que serviu como um contraponto ideológico em uma época em que começavam a surgir as teses de eugenia e superioridade racial, tão prejudiciais ao século XX.

Em função desta interessante relação da homeopatia com o tratamento de infecções, passaremos agora a postar uma pequena série de posts que exploram as alternativas homeopáticas para antibióticos ou antivirais. Embora os princípios bioquímicos de tais medicações só possam ser avaliados se pensarmos no que eles causariam ao corpo em maiores concentrações, é interessante aplicar tal abordagem à lógica da homeopatia, assim como fizemos quando narramos as possibilidades de tratamento homeopático para a depressão. Aguardem!

Posted By Vitor Paiva

Referencias:http://herbs.lovetoknow.com/Homeopathic_MRSA_Treatment

http://www.naturalnews.com/023595_homeopathic_medicine_homeopathy.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Homeopathy

http://gr9museumproject.asb-wiki.wikispaces.net/Joshua

Um comentário:

  1. Eu estou cursando técnico de Farmácia , e estou fazendo um trabalho de Homeopatia , e precisou de dois princípios ativos da Homeopatia. Só ainda estou perdida :/ será que pode me ajudar ?

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